Padrão de vida e o poder da influência
Todos nós seguimos padrões de comportamento. Isso é intrigante, pois, de certa forma, nos torna seres humanos limitados — no agir, no pensar e na forma como nos expressamos — além de previsíveis em nossas atitudes.
Ser previsível, ao mesmo tempo, nos confere identidade e personalidade. Por meio dessa previsibilidade, é possível reconhecer quem uma pessoa é, compreender seu modo de ser e antecipar suas reações. Curiosamente, o ser humano busca essa previsibilidade, pois é por meio dela que se autoidentifica, constrói sua noção de pertencimento e estabelece vínculos com outras pessoas que se enquadram em padrões semelhantes de pensamento e comportamento. Assim se formam os grupos: indivíduos reunidos por afinidades comportamentais.
O aspecto mais paradoxal desse processo é que nos tornamos prisioneiros desses padrões. Ao nos afastarmos deles, corremos o risco de perder identidade, reconhecimento e até a confiança das pessoas ao nosso redor. Passamos a não ser mais reconhecidos como antes, tornando-nos, aos olhos dos outros, “alguém diferente”. Essa identificação não se dá apenas pela aparência, mas, sobretudo, pelas ações.

Expressões como “Está tudo bem? Você tem agido de forma estranha” podem funcionar como uma espécie de advertência social. É como se o outro dissesse: “Você está fora do padrão. Retorne, pois estou prestes a não reconhecê-lo.”
Há relatos de pessoas que, após sofrerem amnésia, mesmo retornando ao lar, deixaram de ser reconhecidas emocionalmente por seus cônjuges. Não era apenas a memória que havia sido perdida, mas também os valores, hábitos e comportamentos que constituíam sua identidade. Isso evidencia que somos profundamente moldados pelo meio em que vivemos e pelos acontecimentos que nos cercam. Cada experiência contribui, passo a passo, para a construção da nossa personalidade e dos nossos padrões de comportamento.
Diante de determinadas situações, passamos a nos posicionar de maneira específica na vida. Por exemplo, alguém que não consegue se aposentar pode atribuir essa frustração a um determinado político, desenvolvendo aversão a ele. Com o tempo, esse posicionamento torna-se conhecido, e a pessoa passa a ser rotulada por essa opinião. É como se um rótulo invisível fosse colado em sua identidade: “Esta pessoa pensa assim sobre tal assunto.” Isoladamente, isso pode parecer irrelevante, mas, somado a outros rótulos, acaba por nos definir e estereotipar.
É por isso que tantas pessoas lutam pelo poder de influenciar. Influenciar significa gerar padrões de comportamento em outros. Daí surgem os chamados influenciadores digitais, artistas, políticos e outras personalidades públicas — indivíduos cujas ações impactam multidões. Sua relevância está diretamente relacionada à quantidade de pessoas que conseguem influenciar e aos padrões que ajudam a construir ou reforçar.





